Home Insights Blog Blog - Mineração e refino de metais Como a tecnologia nos ajuda a ter um Planeta Positivo
abr 4, 2022

Como a tecnologia nos ajuda a ter um Planeta Positivo.

O aquecimento global acelerou todos os processos e, por isso, a Mineração está aplicando novas estratégias eficientes, seguras e sustentáveis para minimizar o impacto que causa no meio ambiente. Por esses motivos, a sustentabilidade é uma das habilidades estratégicas da Metso Outotec. A empresa se compromete a limitar o aquecimento global a 1,5 °C com objetivos alinhados com a gigante Science Based Targets. Com essa iniciativa, buscamos atender às necessidades de sustentabilidade dos clientes e aumentar o tamanho da sua bolha ecológica. Para tal, a Metso Outotec foca em oferecer cada vez mais essas opções sustentáveis.
Convidamos importantes profissionais da mineração para falar sobre a agenda positiva de sustentabilidades, responsabilidade social e gorvernança. O mediador deste painel foi Fernando Samanez, vice presidente de Minerals no Peru. Os painelistas convidados foram Rolf Fuchs, Presidente da Integrio Brasil; Eija Rotinen, Embaixadora da Finlândia no Chile e também Ronald Diáz, Vice Presidente de Operações na Gold Fields.

Qual a sua opinião sobre ESG e as mudanças que estão acontecendo hoje com relação a esse assunto?

Ronald Diáz: É muito importante estarmos sempre atentos a essas mudanças que ocorrem em nossa região e áreas de influência. E não somente por questões políticas, mas também pelas questões da pandemia. Por isso, a Gold Fields está priorizando algumas áreas e setores que beneficiem as comunidades e a sustentabilidade. Os assuntos relacionados à saúde e à água são muito importantes, assim como a gestão de resíduos. Focando nesses três temas, acredito que nesses momentos difíceis que estamos vivendo, estamos fortalecendo nosso sistema de gestão como um todo.

Eija Rotinen: Acredito que esses tópicos são de extrema importância para todos os setores e sociedades. É preciso que todos nós entendamos a fundo que o único futuro possível para todos é a economia circular. Ela é sustentável, socialmente responsável e gera governança. Quanto antes sairmos da economia linear, melhor. Qualquer setor compreende o valor dos investimentos que levam à sustentabilidade. A mineração tem sido um setor muito criticado por gerar danos ao meio ambiente.

Sem dúvida, ao longo dos séculos, ocorreram muitos acidentes que geraram contaminação de cursos d’água e do subsolo e que causaram mortes. No entanto, a mineração é um setor primordial para a humanidade, portanto, encerrar as operações não é uma opção. As mineradoras têm feito muitos esforços para melhorar a sustentabilidade em suas operações. Porém, ainda há muito a ser melhorado, em investimentos, tratamento de águas, manejo de resíduos, uso de energias renováveis, recuperação dos solos nas regiões de mineração e segurança dos funcionários, para citar alguns exemplos.

Se o uso posterior do local, após o fechamento da mina e do término da atividade mineradora, for bem planejado, é possível criar um ambiente que atenda algumas das necessidades criativas das comunidades ao redor.

O conceito de mineração verde foi criado na Finlândia e criou-se uma rede chamada “responsabilidade na mineração”. Esse conceito une diferentes agentes relacionados ao setor de mineração, dos setores privado e público e de cunho ambiental, para planejar e desenvolver ferramentas que facilitem o desenvolvimento sustentável da indústria.

Rolf Fuchs: Obrigado pela excelente pergunta. Essa questão é crucial e fundamental neste momento em diversos setores da economia e muito presente na mineração. Tenha em mente que este não é um processo novo. O principal ponto conhecido começou em 2003 com a adoção dos Princípios do Equador.

Hoje, isso já está mais estabelecido e presente em todo o universo financeiro exigindo o cumprimento dos processos de governança social, financeira e ambiental. Mas devemos lembrar que no setor de mineração existem empresas de todos os portes, desde os grandes players globais até as pequenas empresas, que são a maioria. Cada um deles possui processos e recursos diferentes para se adaptar a novas formas de trabalho. Portanto, não é um processo rápido, é algo que ainda levará tempo, mas as mudanças são uma realidade. Os dois infelizes episódios de grandes barragens que tivemos no Brasil (tivemos também outras menores, assim como outras ao redor do mundo) deram muito impulso ao debate no Brasil, pois a reputação da mineração estava seriamente comprometida. Então, agora, o setor de mineração percebeu que precisa mudar sua posição e sua atitude.

Existe uma consultoria global que faz um levantamento sobre os maiores desafios e riscos para a mineração e, há 5 anos, a gestão socioambiental é o maior desafio, na opinião da maioria dos 500 grandes executivos de mineração entrevistados.

Assim, as mudanças vieram para ficar e quem não se adaptar vai perder dinheiro ou até mesmo o próprio negócio, a empresa.

A respeito do uso de água, você poderia dar um exemplo positivo e inovador no setor da mineração? E qual é o maior desafio em seu país quanto ao uso de água na mineração?

Ronald Diáz: A gestão da água é um dos elementos mais importantes na mineração. É preciso ter consciência de que o uso racional e adequado da água gera sustentabilidade e melhora a interação com as comunidades.

O exemplo que posso compartilhar é que na Gold Fields não usamos fontes externas de água para a nossa operação. Usamos uma tecnologia limpa para poder armazenar água e reutilizar 80% dela. Esse é um nível muito alto e implica fazer compensações e tratamentos especiais de água para poder ter água em quantidade e qualidade não somente para a operação. Isso porque precisamos processar essa água, armazená-la e há ainda nosso consumo interno e as compensações às comunidades.

Essa gestão da água precisa ser controlada de forma on-line e em tempo real para que a continuidade das operações não seja afetada. Dependemos da chuva, armazenamos a água e fazemos a compensação às nossas comunidades a partir de um processo de tratamento. Um deles é usando o CO2 para neutralizar o pH e o outro é a osmose, para gerar água potável. Essas, dentre outras técnicas que utilizamos, nos permitem ter um saldo hídrico positivo, o que nos permite continuar com a operação e fornecer água para as nossas comunidades.

Eija Rotinen: Felizmente, a Finlândia não sofre com a escassez de água, embora as mudanças climáticas também estejam nos afetando. Hoje nosso clima é menos previsível. Às vezes, há excesso de chuvas e às vezes menos. Nosso país tem milhares de lagos, quase 200 mil, porém, não podemos contaminar nenhum deles. Isso é um desafio: prevenir a contaminação com antecedência é muito mais barato que corrigir os danos posteriores. Nossas regras ambientais são bem severas.

Utilizamos as melhores tecnologias para aproveitar e reaproveitar água nos processos de mineração. É mais barato limpar uma quantidade menor de água. No início desse ano, deu-se início ao projeto da Universidade Politécnica de Lappeenranta para estudar diferentes tipos de partículas sólidas visando eliminar substâncias nocivas das águas residuais da mineração. Já há métodos para eliminar as substâncias nocivas dos efluentes das minas, porém, por enquanto, são caros e ineficazes.

Este projeto busca materiais adequados e econômicos para eliminar os contaminantes de forma eficiente. Além de estudar como purificar os sólidos para sua reutilização e como é possível separar os contaminantes das águas residuais.

Outro exemplo de solução inovadora para o manejo de água é a solução para monitoramento e análise da qualidade da água em tempo real, feita por uma empresa finlandesa. Com esse tipo de tecnologia é possível analisar diversos metais simultaneamente na água, e de forma muito precisa, facilitando a otimização da água utilizada nos processos e reduzindo o impacto ambiental.

Essa empresa ganhou um prêmio de inovação, organizado no Brasil, e passou a colaborar com a Vale na realização de um projeto piloto.

Rolf Fuchs: A água é um dos bens mais valiosos do planeta. Associado à mineração, no entanto, está o fato intrínseco da rigidez da localização. A mineração só ocorre onde há minério no subsolo. Assim, quando há disponibilidade de água e outros recursos naturais naquela região, a opção sempre foi seguir o caminho conhecido, mais fácil, com tecnologia dominada e mais barato. No entanto, existem muitos exemplos de mineração com recursos naturais escassos. Não haveria mineração na Austrália central se dependesse apenas da água. No Brasil, lembro-me de um grande exemplo em que trabalhamos de forma colaborativa. Era um projeto no nordeste do Brasil que precisava de água para o processamento do ouro. Estudamos todas as alternativas, incluindo o bombeamento de água do mar ao longo de 140 km. No entanto, a solução encontrada foi reduzir a quantidade de água necessária e abastecê-la usando água da cidade, efluentes, no processo, para ter a quantidade mínima de água necessária. Então esse é um ótimo exemplo. Outro bom exemplo vem do lado ruim: acidentes em barragens. No Brasil, as barragens de mineração sempre foram construídas por ser o processo mais simples, mas muito intensivo no controle da água, e hoje podemos pensar em não usar mais barragens, reduzir o uso de água, tratamento a seco, entre outros. Portanto, há bons exemplos e é a necessidade que vai gerar as mudanças.

A indústria da mineração utiliza muito a eletricidade, porém pode haver outras tecnologias e processos que otimizam esse uso. Poderia mencionar um exemplo de uso de tecnologias eficientes para diminuir a pegada energética na mineração?

Eija Rotinen: Digitalização e automatização são elementos importantes na otimização do uso de energia. As tecnologias da Indústria 4.0 auxiliam o setor de mineração a maximizar o uso de energia, a produtividade, a confiabilidade e a segurança de suas operações, minimizando o tempo de inatividade e os custos.

A Nokia já está instalando redes privadas em minas em todo o mundo facilitando, assim, a aplicação de novas tecnologias e o monitoramento dos diferentes processos em tempo real, incluindo o uso de energia.

Ronald Diáz: Esse é um tema muito importante na operação da mineração. Não somente pelo controle e uso eficiente da energia, mas porque a eficiência energética é um assunto com o qual trabalhamos muito em nossas operações. Isso porque nos permite monitorar, em cada uma das etapas, como está o consumo energético. Sabemos que o consumo é intenso e uma das áreas de maior utilização de energia é a fragmentação, a moagem. Nela, o consumo energético é elevado e é preciso otimizá-lo ao máximo.

Para isso, usamos várias tecnologias que podemos implementar, como a medição on-line do consumo energético, ou seja, os kW/h por tonelada que são consumidos. Aqui entra esse apoio da indústria da mineração ao fornecer determinados equipamentos para minimizar o peso dos moinhos. No passado, migramos de liners de aço para os de polímero, pois o polímero diminui o peso do moinho, o consumo de energia diminui e a eficiência energética também pode ser observada.

Porém, não podemos observar somente sob o ângulo dos moinhos. É preciso olhar para o processo como um todo. Um dos processos que temos analisado há tempos, desde o início das nossas operações, é o que todos conhecem como “Mine to Mill”, nesse processo precisamos distribuir a eficiência energética entre todas as etapas. Além disso, os instrumentos usados nos dão a garantia de medir, porque sem medição, não há otimização. Esse é o ponto de sucesso da eficiência energética com a qual trabalhamos.

Rolf Fuchs: De fato, a mineração e o processamento de minerais são muito intensivos.Um bom exemplo disso é a cadeia do alumínio, que é obtido a partir da bauxita, e várias refinarias de alumínio no Brasil encerraram suas atividades devido à indisponibilidade de energia elétrica ou ao altíssimo custo da energia. Hoje vemos que as mineradoras de qualquer segmento mineral já buscam alternativas de autogeração, geração de energia limpa em substituição aos combustíveis fósseis, tentando realmente reduzir ao máximo a necessidade e a dependência energética. Mas, novamente, empresas de todos os tamanhos. Assim, as grandes e médias empresas podem ir mais longe nessa direção do que as pequenas, que dependerão do fornecimento público de energia por muito tempo.

Quais são os objetivos a médio e longo prazo quanto à redução do consumo energético? O que você pensa sobre as novas tecnologias, inclusive para o uso de energias renováveis, mudando, também, a pegada energética?

Ronald Diáz: Como já mencionei, a eficiência energética é um dos fatores que consideramos no Peru e em todas as operações que a Gold Fields realiza no mundo. O esforço de trazer energia limpa e renovável para o nosso sistema sempre nos moveu. Contamos com energia hidráulica, que é responsável pelo funcionamento do nosso sistema, mas também estamos trabalhando na redução das emissões, pensando em ônibus elétricos para poder minimizar também o efeito da poluição. Há projetos muito interessantes em nossa operação, também relacionados à eficiência energética, para minimizar o consumo em horários de pico, ao consumo de equipamentos que poderiam estar em melhor estado de conservação e à manutenção que precisamos gerenciar, para que as máquinas, os equipamentos e tudo o que medimos esteja alinhado aos objetivos globais que temos como empresa.

 Eija Rotinen: Quanto aos objetivos para a redução do consumo de energia, a Finlândia conta com metas para melhorar a eficiência energética. Hoje, a indústria e também a sociedade estão usando cada vez mais eletricidade, o que requer mais produção de energia renovável, segura e sem emissões.

Por isso, na Finlândia, há um grande esforço para substituir os combustíveis fósseis por energia limpa. Um exemplo disso é a empresa Savo-Solar, que produz os painéis solares mais eficientes do mercado para produzir calor. A instalação desses painéis é uma excelente solução para reduzir a pegada de carbono na produção de cobre.

O Fórum de Inovações da Finlândia realizou um estudo revelando que, para alcançarmos os objetivos climáticos da Finlândia de forma rentável, será necessário substituir os combustíveis fósseis por eletricidade limpa na indústria de transporte e na calefação. Além disso, a energia eólica seria a melhor opção para satisfazer a maior parte da demanda. As empresas finlandesas estão adotando a economia circular e desenvolvendo soluções digitais e inovadoras para chegar a um futuro mais sustentável.

Rolf Fuchs: Na verdade, são vários os objetivos, porque não há um objetivo setorial, ou seja, para o segmento de mineração, ou mesmo algo mais específico nesse sentido, então muitas empresas têm seus próprios objetivos. Como mencionei, muitos buscam a autogeração associada à redução do consumo, outros buscam a substituição completa dos combustíveis fósseis por energias renováveis, caminhões autônomos, biodiesel, etc. Na verdade, existem várias iniciativas, mas são diferentes e particulares de cada empresa.

Essas entrevistas fizeram parte dos painéis do Fórum Sul-Americano Metso Outotec que reuniu esses e outros importantes profissionais da mineração do Brasil, Chile e Peru. Encerrando as entrevistas, Cristian comenta que não há dúvidas de que estamos vivenciando uma mudança cultural no setor, no qual todos somos responsáveis por assumir um protagonismo e impulsionar essa mudança tão importante. Esse é um ponto crucial para o desenvolvimento da mineração.

 

O vídeo da gravação do painel pode ser visto aqui em nosso canal do YouTube: Como a tecnologia nos ajuda a ter um Planeta Positivo - YouTube

Veja o vídeo
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Painel sobre Tecnologia e Sustentabilidade durante o Fórum Sul-americano da Metso Outotec. Fernando Samanez, VP de Minerals no Peru
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