Home Insights Blog Blog - Mineração e refino de metais Como a tecnologia e serviços remotos estão mudando os serviços de mineração
fev 24, 2022

Como a tecnologia e serviços remotos estão mudando os serviços de mineração

O tema Mineração 4.0 ganhou ainda mais relevância quando a pandemia da Covid-19 começou. Durante a atual crise sanitária, muitas empresas do ramo da mineração estabeleceram uma rota e realizaram investimentos importantes em tecnologia, especialmente nos serviços remotos.
serviços remotos
Smart Glass - Serviço Remoto
Convidamos Rayner Teixeira, gerente de tecnologias da Vale no Brasil; José Ramon Abatte, gerente de projetos da Coldelco no Chile e Hilário Gorvenia, gerente de planta da Nexa Resources do Peru para contar sobre suas perspectivas e experiências nesse assunto. As entrevistas foram mediadas por Cristian Fadic, VP de Serviços da Metso Outotec Chile.

Considerando sua experiência, quais tecnologias ou serviços remotos você acredita que serão tendências a médio prazo na mineração?

Rayner Teixeira: Acredito que cada vez mais essa prática de serviços remotos, essas inspeções remotas, ela vai aumentando e ganhando forças dentro das corporações, principalmente na mineração. Trabalhos como monitoramentos de centros especializados, trabalhos que visam tirar a pessoa do campo, especialmente em áreas de risco e das atividades críticas, tem se tornado cada vez mais forte, com apoio da inteligência artificial, dos robôs e na análise de vídeos que deixam claro respostas e muitos pontos de apoio e suporte.

Cada vez mais mineradoras vão receber esses dados em uma sala, deixando várias informações e você vai trabalhar cada vez mais com uma quantidade de dados que ajudará a tomar decisões. Se trata de uma tendência de médio prazo e cada vez mais as mineradoras estarão envolvidas e incluídas nesse processo do trabalho a distância.

 

José Ramon Abatte: Acredito que não somente a médio prazo, mas que já estamos vivenciando uma tendência na área de mineração. Primeiramente, a interação entre as equipes, já que atualmente temos equipes de caminhões teleguiados ou autônomos, porém ainda não estamos interagindo com retroescavadeiras autônomas ou teleguiadas. Acredito que a tendência é seguir adiante nos desafios aos quais nos propomos a enfrentar, que é a integração operacional, ou seja, a interoperatividade entre equipamentos autônomos e teleguiados, como, por exemplo, as retroescavadeiras principalmente, e também os equipamentos auxiliares, como ônibus, para que interajam no ambiente de mineração.

No âmbito subterrâneo, na Codelco no Chile, já estamos dando passos importantes, especialmente em El Teniente, avançando na automatização de equipamentos LHD e dos caminhões autônomos. No nosso caso, esse ecossistema autônomo com carregadeiras LHD e caminhões autônomos deve ocorrer ao final de 2022 e início de 2023, compondo um ecossistema automatizado.

Isso tudo no âmbito das minas. Já no âmbito das plantas, um elemento muito importante que já estamos vislumbrando e que em algumas empresas já está sendo usado, é o componente que integra os sistemas de controle avançado, com as recomendações, por exemplo, de um processo de analítica avançada, no qual as recomendações analíticas são automatizadas até um sistema de controle avançado. Esse é um componente importante que vislumbramos e que estamos começando a estudar e a trabalhar em nossas operações. Já tivemos avanços consolidados e importantes na analítica avançada e, além disso, temos um valor de cerca de 140 a 150 de Curva ABC implementados na empresa.

 

Hilario Gorvenia:  Acredito que a Covid tenha acelerado essa questão de serviços remotos. E ao priorizar a saúde e a segurança, acredito que haverá muitos desafios neste aspecto, já que essa aceleração não é somente do trabalho remoto, mas também de todas as etapas de automatização e digitais, além da automatização de processos, que nos ajudarão a cuidar melhor das pessoas, do processo e dos equipamentos

Quais são as tecnologias 4.0 que poderão ser potencializadas a médio prazo? E o que tem feito em sua empresa?

Rayner Teixeira: Destaco algumas que dentro da mineração tem surtido efeito. Vídeo Analytics é uma tecnologia que temos tido muito efeito na mineração, os trabalhos também com inteligência de condições de telas inteligentes, que desenvolvemos através de startups.

Outra tecnologia que estamos desenvolvendo e que pode ser cada vez mais aperfeiçoada é o trabalho com robôs autônomos, algo que também é uma tecnologia disruptiva na mineração. Também destaco o trabalho de sensores inteligentes, que oferecem sinais para serem tratados com Big Data.

Esses são os pilares da indústria 4.0 que as empresas de mineração vem trabalhando cada vez mais e sempre graças a parcerias com startups e fornecedores que se abrem para um novo mundo que é esta revolução 4.0.

 

José Ramon Abatte: É importante mencionar que, nesse assunto, a Codelco é pioneira no setor, em aspectos, como por exemplo, a planta. 

Na planta, como já mencionei, temos mais de 140 sistemas de controle avançado e um componente importante, na minha opinião, é a integração existente entre as recomendações de análises de dados ou de análise avançada de informações, que sai do processo corriqueiro e analisa o processo de forma completa, por exemplo, min-co que é entre a mina e o concentrador e que consegue obter essas recomendações e colocá-las automaticamente no processo. É importante seguir passo a passo, avançando de forma controlada, visando uma evolução e implementação desta atividade tecnológica de forma controlada e sustentável.

Por outro lado, temos a interoperatividade. Acreditamos que hoje não há, na mineração operacional, exceto algum caso de exceção em alguma empresa, a interoperatividade de equipamentos de mineração. Esse também é um componente importante a ser considerado. Outro ponto importante é a virtualização, que já existia, mas que está ganhando cada vez mais força. No sistema de controle de El Teniente ela já foi implementada e finalizada há alguns meses. Portanto, o sistema de El Teniente agora está virtualizado. E o que significa isso? Benefícios e melhora de manutenção, redução de pontos de falha e maior controle e robustez no sistema.

 

Hilário Gorvenia: Efetivamente, estamos em um processo de adequação às tecnologias 4.0. O objetivo é sempre ter previsibilidade da planta, confiabilidade dos equipamentos, e mantermo-nos atentos a qualquer mudança e  interrupção da planta que possa afetar a segurança das pessoas, o meio ambiente ou a produtividade em si da empresa.

Você acredita que a mineração apresenta alguma resistência na adoção de serviços remotos? Em caso de resposta positiva, você poderia nos dar exemplos?

Rayner Teixeira: Acredito que no passado as mineradoras tinham uma certa resistência nos trabalhos remotos, existia sim talvez uma desconfiança desses trabalhos, a começar lá atrás com as tecnologias preditivas, uma parte de vibração online. Hoje não, hoje eu vejo um caminho muito aberto para as atividades de forma remota, desde trabalho home office e cada vez ais dentro de centros de monitoramento mais equipados. Assim, na indústria 4.0, você potencializa seus equipamentos, elimina algumas atividades críticas, tirando a atividade humana das condições de risco. Cada vez mais essa força da indústria 4.0, cada vez mais o homem na parte pensante deixando o trabalho bruto, crítico, para os robôs, para que os dispositivos façam, incluindo a inteligência artificial. Todos eles oferecem mais confiabilidade para a empresa e segurança para os colaboradores, algo que as empresas buscam hoje em dia: a segurança em primeiro lugar. Acredito muito que a tecnologia pode ser o principal aliado para este novo momento da indústria 4.0 na mineração.

Posso citar alguns exemplos que temos, dentro do projeto de manutenção digital aplicamos várias tecnologias desenvolvidas por startups, fornecedores e algumas vezes até por nossa equipe interna na Vale e parceiros. Desenvolvemos aplicações internas de controle de dados através e QRCode que ajudam na coleta de dados em campo. Telas inteligentes para monitorar e mostrar suas condições dentro das peneiras. Existe também um desenvolvimento que é uma análise de vídeo que monitora 24 horas o alimentador de sapata, um teste com robô que faz inspeções autônomas que tem uma tecnologia mais avançada. Estamos testanto também, uma tecnologia para detecção de desgaste de correias que já está dando grandes resultados. Há outras inovações, inclusive com a Metso Outotec, que é um torquímetro hidráulico, com ele estamos impactando o dia a dia de funcionários da britagem que no passado executavam uma atividade de risco, crítica e hoje conseguem utilizar o torquímetro para ter mais segurança.

Nossa ideia é auxiliar a todos com a tecnologia, mantendo o foco sempre nas pessoas,  colocando a tecnologia dentro dos processos, integrando as pessoas, processos e tecnologias. Esta integração é muito importante para nós.

 

José Ramón Abatte: Nesse sentido, acreditamos e estamos tendo como experiência, agora que estamos implementando o remoto, ou o centro integrado de operações, que no início havia, sim, resistência. Isso devido ao desconhecimento da tecnologia, às dúvidas e também aos  trabalhos em silos entre diferentes áreas, da mina com a planta e entre operações. Havia sim uma resistência. Porém, agora não há mais resistência, mas sim uma necessidade: é preciso trabalhar de forma remota e interativa. Hoje os benefícios são visíveis, os operadores são de melhor qualidade, a mentalidade de trabalho também melhorou, há também uma integração na forma de trabalhar entre as diversas unidades de uma operação, tanto na mina quanto na planta. Portanto, hoje acredito que quase não há barreiras e é uma tecnologia e uma implementação já aceita. É importante que, ao ser implementada, tudo seja feito em conjunto com as operações para que as pessoas envolvidas se apropriem da tecnologia e aproveitem o melhor dela. Isso porque essa não é uma iniciativa tecnológica, e sim uma iniciativa operacional na qual a tecnologia agrega valor e a operação precisa aproveitar tal valor. Portanto, acreditamos que não haja barreiras, já que é uma necessidade atual.

Hilário Gorvenia: Já há uma tendência de nos adequarmos a todo esse programa de automatização. Na realidade, nem todas as plantas já estão adequadas, mas acredito que houve um aumento do investimento em tecnologia e automatização, além das melhoras do remoto. Na verdade, houve um movimento muito importante nas diretorias e gerências para poder acelerar o uso desses mecanismos e tecnologias. Acredito que cada vez há mais receptividade da equipe, dos funcionários, e isso tem repercussão não somente na segurança, mas também na produtividade e diante das exigências de mercado, dos órgãos estatais. Acredito que tudo isso esteja acelerando as mudanças. Por exemplo, na Nexa, uma das missões do nosso CEO é a automatização digital completa, e acredito que estejamos nesse caminho.

Essas entrevistas fizeram parte dos painéis do Fórum Sul-Americano Metso Outotec que reuniu esses e outros importantes profissionais da mineração do Brasil, Chile e Peru. Encerrando as entrevistas, Cristian comenta que não há dúvidas de que estamos vivenciando uma mudança cultural no setor, no qual todos somos responsáveis por assumir um protagonismo e impulsionar essa mudança tão importante. Esse é um ponto crucial para o desenvolvimento da mineração.

O vídeo da gravação do painel pode ser visto aqui em nosso canal do Youtube: Resultados positivos de serviços remotos na mineração - YouTube

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Painel sobre Serviços Remotos transmitido durante o Fórum Sul-americano Metso Outotec. Rayner Teixeira, Gerente de Tecnologias da Vale apresenta suas perspectivas e experiência no uso de tecnologias digitais.
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